segunda-feira, 23 de maio de 2011

Ir. Dulce "O anjo bom da Bahia"

Neste domingo testemunhamos um momento dos mais belos de nossos dias. Segundo cálculos 70 mil pessoas foram a celebração de beatificação de Ir. Dulce. 
Hoje se fala muito em crise da vida religiosa, no entanto está aí um exemplo de que a consagração a Deus e a doação aos pobres é o caminho para seguir jesus.
Irmã Dulce fez de sua vida uma oração, uma entrega sem reservas.

A nós religiosos fica o exemplo!!!   

segunda-feira, 16 de maio de 2011

“Religiosos Irmãos”. “Irmãos leigos”

Quem somos? Como nos conhecem? Como nos chamam? O que os faz lembrar que nós existimos? Qual é mesmo o nosso lugar no movimento de Jesus que hoje é a Igreja? Como nascemos? Onde estão as nossas origens? Afinal o que é o irmão leigo ou religioso irmão?

Retalhos – o que andam dizendo sobre nós?
1)“Todos vocês são irmãos”
(Mt 23,8c)
2)“Irmãos de todos e com todos. Fazemos parte da grande criação de Deus Pai, que fez tudo por amor”.
3)“Estes religiosos são chamados a serem irmãos de Cristo, profundamente unidos a Ele, primogênito de muitos irmãos” (Rm 8,29); Irmãos entre si, no amor recíproco, e na cooperação no mesmo serviço para o bem na igreja; irmãos de todos os homens, no testemunho da caridade de Cristo para com todos, especialmente os mais pequeninos, necessitados; irmãos para uma maior fraternidade na igreja.
(João Paulo II, audiência geral de 22\02\1995) 
4)...Cada irmão é diferente.
Sozinho acoplado a outros sozinhos...
...São seis ou são seiscentas
distâncias que se cruzam, se dilatam
no gesto, no calar, no pensamento?
(Drumond)
5) O irmão leigo é alguém identificado com Jesus e seu projeto. É aquele que a partir de uma resposta que dá com a própria vida, aponta para uma realidade maior.
6)“A possibilidade de uma vida religiosa consagrada laical deve ser exposta como via de autêntica perfeição religiosa também nos antigos e nos novos Institutos religiosos”.
(João Paulo II, audiência geral de 22\02\1995)
7)“Os institutos religiosos de irmãs e irmãos necessitam, nos dias de hoje, de uma afirmação toda especial. Não poucos os que perguntam: não é um desperdício a vida destes homens e destas mulheres? 
8) “Para vós sou bispo, convosco sou cristão (santo Agostinho)”,
cit. Em Vaticano II, LG 32.

9)A vida consagrada representa a dimensão carismática da Igreja... Assim, à luz do diálogo profético, o primeiro chamado é a conversão (...) os irmãos não são assistentes na missão mais companheiros da missão...
10)“A vida religiosa masculina leiga ou mista poderá ser um laboratório onde se vivam novas relações não mais baseadas na hierarquia, mas no serviço. Em outras palavras, um novo jeito de viver as relações entre seus membros superando toda forma de dominação mundana que se tenha incrustado na Vida Religiosa”
(frei Vanildo Zugno. in Notas possibilidades de uma vida religiosa masculina leiga)
11)“A vocação do irmão está destinada a ser um signum fraternitatis – um sinal de comunhão, um sacramento da fraternidade, um testemunho da solidariedade e um convite ao diálogo. Tendo sido congregados por Deus, participamos da missão de Jesus”. 
12)O religioso irmão é alguém profundamente identificado com Cristo e seu projeto. È um homem consagrado a Deus e a humanidade. È um homem de comunidade, onde cultiva conscientemente relações humanas caracterizadas pela simplicidade e liberdade. E segundo o texto é um homem apostólico que realiza sua missão numa igreja toda ela ministerial.
13)“Ver é graça! Graça maior é ser visto! Ver realidades, ver coisas, ver ações, ver paisagens, ver animais, ver pessoas. Vemos! No ver de nossos olhos, todo o nosso ser vê!; toda a nossa pessoa vê! As imagens das cidades marcadas pela violência e as drogas; vidas destruídas, pessoas vagando pelas ruas inexistentes, mãos cavando os escombros na busca de entes queridos. Fatos que estremecem, comovem toda a nossa pessoa, não só nossos olhos. Toda a nossa pessoa é atingida na medida e as imagens nos penetram e somos tomados de compaixão. Vemos!
(D. Leonardo Steiner)
14)Queremos:
  • Aprofundar a temática identidade, espiritualidade e missão.
  • Compartilhar experiências da vida religiosa místico-profética laical.
  • Identificar traços específicos de espiritualidade dos religiosos irmãos.
  • Resgatar a memória dos religiosos irmãos que significativamente contribuíram e contribuem na igreja e na sociedade.
 15)“A Vida religiosa é chamada a ser sinal de vida, do grande amor Deus neste mudo, dilacerado pela cultura de morte, que assola a nossa casa comum”.

III Encontro de Religiosos Irmãos - CRB Recife


Aconteceu neste ultimo dia 14 de Maio em Olinda - PE, o terceiro encontro de religiosos irmãos de nossa regional – CRB Recife. Foi um momento rico de reflexão e partilha das experiências. Refletimos sobre o tema “Sacerdócio comum e sacerdócio ministerial: diferença de natureza e não só de grau”. Esteve nos ajudando na reflexão frei Francisco de Assis Barreto, OFMcap. Nosso próximo encontro será dia 28 de Agosto no Convento Nossa Senhora do Carmo (frades Carmelitas) em Recife - PE. Esperamos a participação de mais irmãos.  

 



Encontro de Irmãos Leigos
14 de maio,
no Convento de São Francisco
Olinda – PE

Sacerdócio Comum e Sacerdócio Ministerial:
diferença de natureza e não só de grau.


terça-feira, 10 de maio de 2011

III Encontro Nacional dos Irmãos Capuchinhos

Acontecerá em Julho de 2011 o III encontro nacional dos irmãos leigos Capuchinhos em Porto Seguro - Bahia.
A reflexão sobre a vocação religiosa na sua expressão masculina leiga tem levantado reflexões significativas nestes últimos anos.
O religioso irmão, que durante muito tempo foi visto simplesmente como um "converso" "cooperador" ou outros titulos que lhe eram atribuidos, tem conquistado espaço na reflexão dentro da vida religosa e dentro da Igreja. 
     

Homens e deuses

Este é sem dúvida um dos belos exemplos de vida religiosa consagrada dos nossos dias. Nunca é tarde para se testemunhar o amor de Jesus. A vida religiosa é uma configuração ao Cristo de maneira radical.
A vida monástica está na raiz do que hoje chamamos de vida religiosa consagrada. Este estilo de vida que ao longo da história tem adquirido tantas faces, não perde o seu carater central "consagrar-se inteiramente a Jesus Cristo pela causa do reino"( Paixão por Cristo, paixão pela humanidade. 
Neste nosso "espaço dos irmãos" queremos fazer memoria do exemplo destes irmãos que consumiram suas vidas por amor ao senhor, e que buscaram viver da maneira mais simples possivel a sua entrega. "Em Cristo somos todos irmãos".  

domingo, 8 de maio de 2011

Fotos do encontro nacional

Abertura do encontro nacional de Religiosos Irmãos

Hino da Assembleia da CRB nacional 2010

II Encontro de Religiosos Irmãos - CRB - Regional Recife

“A VIDA CONSAGRADA DE IRMÃOS”

O segundo encontro de religiosos irmãos da regional Recife da Conferência dos Religiosos do Brasil aconteceu no dia 16 de Outubro de 2010, no convento São Francisco em Olinda - PE.

Esteve entre nós a Ir. Consuelo, OSB, presidente da nossa regional, que partilhou da alegria deste encontro, e enfatizou a importância do grupo de reflexão, bem como convidou a uma maior atuação dos irmãos junto as atividades da CRB regional.A nossa reflexão enquanto grupo foi iluminada pelo texto do frater Henrique Matos “A vida consagrada de irmão”, onde ele aborda a importância da vocação cristã. O irmão leigo faz parte do “Laos”, povo de Deus. Esta vocação é comum a todos nós. Ressalta ainda a importância do sacerdócio ministerial como aquele que está em função do sacerdócio comum a todos. O estudo foi feito em grupos e depois houve um momento de partilha.
O texto trata dos seguintes pontos: A LAICIDADE DA IGREJA, A VIDA RELIGIOSA LAICAL E O PERFIL DO RELIGIOSO IRMÃO.
No momento da partilha, mencionaram-se alguns pontos importantes: A igreja é vista antes de tudo como mistério de comunhão. A condição cristã é a base comum de todos que formam a “EKKLESIA”, ou seja, a primazia do ser cristão. A laicidade do mundo e da igreja que indica que esta está no mundo e participa de suas atividades em todos os campos de maneira diversificada. A vida religiosa consagrada na sua expressão leiga é completa em si mesma. O religioso é alguém que quer radicalizar o seu batismo. O religioso irmão é alguém profundamente identificado com Cristo e seu projeto. È um homem consagrado a Deus e a humanidade. È um homem de comunidade, onde cultiva conscientemente relações humanas caracterizadas pela simplicidade e liberdade. E segundo o texto é um homem apostólico que realiza sua missão numa igreja toda ela ministerial. Os nossos campos de atuação são diversos e isto deve ser visto como riqueza, como contribuição a dinamicidade da vida religiosa consagrada. Também se falou sobre a identidade do religioso irmão que ainda carece de reflexão frente a estrutura de igreja que temos. Pois mesmo com os documentos conciliares dando suas contribuições ainda tem muito a se pensar e fazer.      
No momento da tarde Frei Tiago Santos e o Ir. José Rodrigues, partilharam um pouco daquilo que vivenciaram no encontro nacional acontecido em Belo Horizonte - MG. Fez-se uma exposição de fotos e vídeo de abertura do encontro e material oferecido pelos assessores Fr.Vanildo Zugno, OFMcap  que trabalhou um enfoque eclesiológico e Ir. Afonso Murad, FMS, que falou do Jesus irmão na bíblia, e o relatório do encontro nacional. Os mesmo apresentaram alguns pontos que foram discutidos e a necessidade de reflexão nesta área, bem como a escassez de material sobre o assunto.

“Estes religiosos são chamados a serem irmãos de Cristo, profundamente unidos a Ele, primogênito de muitos irmãos (Rm 8,29)”.      

Irmão irmãos

Cada irmão é diferente.
Sozinho acoplado a outros sozinhos.
A linguagem sobe escadas, do mais moço,
ao mais velho e seu castelo de importância.
A linguagem desce escadas, do mais velho
ao mísero caçula.

São seis ou são seiscentas
distâncias que se cruzam, se dilatam
no gesto, no calar, no pensamento?
Que léguas de um a outro irmão.
Entretanto, o campo aberto,
os mesmos copos,

o mesmo vinhático das camas iguais.
A casa é a mesma. Igual,
vista por olhos diferentes?

São estranhos próximos, atentos
à área de domínio, indevassáveis.
Guardar o seu segredo, sua alma,
seus objetos de toalete. Ninguém ouse
indevida cópia de outra vida.

Ser irmão é ser o quê? Uma presença
a decifrar mais tarde, com saudade?
Com saudade de quê? De uma pueril
vontade de ser irmão futuro, antigo e sempre?

Carlos Drummond de Andrade, in 'Boitempo'

Encontro de religiosos irmãos - Recife



No sábado, 15 de Maio (2010), aconteceu no convento São Francisco em Olinda-PE, o nosso primeiro encontro de religiosos irmãos de nosso regional, da CRB - Recife.
A marca principal deste momento foi a graça do encontro, “como é bom nos encontrarmos”. Ali refletimos um texto do frater Henrique, “De Nazaré pode sair algo de bom?..”(Jo 1,45).
O nosso momento de oração inicial iluminado pela palavra de Deus nos convidava a perceber a dinâmica de Jesus ao afirmar “vocês são todos irmãos”. Éramos um pequeno grupo de nove religiosos entre franciscanos, salesianos, franciscanos filhos de Maria e capuchinhos.
Este nosso encontro teve como objetivo a partilha da caminhada, as experiências, e os desafios que se apresentam diante de nossa vocação especifica. Bem como perceber as diferentes realidades onde estamos inseridos: nas escolas, nas pastorais, nas obras sociais, no meio acadêmico. Estiveram conosco a irmã Marlene assessora da CRB regional e frei Franklin membro da diretoria regional, nos motivando e incentivando a dar continuidade nas reflexões.  
 A partir das provocações do texto podemos perceber como é significativa a figura do religioso irmão dentro da igreja e da vida religiosa mesmo que durante muito tempo tenham sido colocados à margem. Constatamos também que ainda existem muito indiferentismo e acomodação frente à missão que o senhor nos confia, mas enquanto irmãos acreditamos que pode ser diferente, pois acreditamos que a vocação nasce como serviço e senso de pertença ao grande povo de Deus.
Como sugestão para o encontro nacional, colocamos que se publiquem mais artigos em especial na revista convergência sobre a vocação do religioso irmão, e que se criem grupos de reflexão nos regionais. Colocamos como um de nossos objetivos termos um encontro periódico para partilhar a vida e refletirmos sobre este estado de vida.

Encontro Nacional de Religiosos Leigos


CONFERÊNCIA DOS RELIGIOSOS DO BRASIL
ENCONTRO NACIONAL DE RELIGIOSOS IRMÃOS
BELO HORIZONTE DE 03 A 06 DE JUNHO DE 2010

O encontro Nacional de Religiosos Irmãos teve como tema: “A identidade de Religiosos Leigos em diálogo”. Este, acontecido em Belo Horizonte – MG, na casa de encontros são José, foi um momento rico e expressivo da vida religiosa leiga masculina no Brasil. O encontro contou com a participação de 95 irmãos de 30 Congregações. Estiveram presentes a presidente da CRB Nacional, ir. Máriam Ambrósio, DP, e D. Leonardo Steiner, OFM, bispo de são Félix do Araguaia, e referência para a vida religiosa no Brasil.


 Alguns pontos resultantes das reflexões

 -Nós irmãos temos uma vocação completa e original.
- Nos adequamos à igreja povo de Deus.
- Nossa identidade de irmãos se constrói no confronto com o diferente.
- As irmãs nos ajudam a sermos irmãos.
- Temos convicção de que somos todos irmãos.
- As Congregações nasceram pela percepção daqueles que não eram atendidos. Os pastores se contentavam apenas com aqueles que faziam parte da paróquia.
- A vocação do irmão se aproxima com a do leigo.
- Temos que nos cuidar da nossa oração e assumir nossa missionariedade.
- A vocação do Irmão é viva e atuante. Basta notar a grande presença de jovens na Vida Religiosa.
- Nunca explicar o Irmão pelo que ele não é.
- A necessidade de aprofundar o sentido teológico da vida do irmão.
- Maior integração e preparação para o serviço.
- Intercongregacionalidade dos irmãos.
- Materiais vocacionais que apresentem a vocação do irmão.
- Novos papéis dos irmãos na sociedade contemporânea.
- Está na hora de sairmos do anonimato e tornar a vocação do irmão conhecida. 
- Os índios, os negros estão despertando para a vocação de irmão.
- Os irmãos precisam ocupar seu espaço.
- Temos que olhar a nossa raiz. Olhar nosso ponto de partida.
- Maior presença do Irmão na CRB.
- É necessário que os irmãos escrevam mais sobre eles.
- Encontro nacional de dois em dois anos.
- Criar equipe de reflexão sobre a vocação do irmão.
- Fazer uso da internet para tornar o irmão mais visível.
- A CRB regional articule momento com os formandos irmãos.
- Há escassez de livro que fale de Irmãos.
- Levar às Congregações o que foi discutido neste encontro.
- Os irmãos precisam integrar-se no meio juvenil.

Um momento marcante do encontro foram os painéis. O primeiro foi feito de partilhas dos próprios irmãos que atuam nos diversos meios: na inserção, na educação, na comunicação, nos novos modelos de comunidades, junto a CRB nacional. 
Como se falava sobre identidade viu-se que é importante ouvir o que os outros te a dizer sobre esta expressão vocacional na vida religiosa. Foi convidado um padre, duas irmãs e uma jovem da pastoral da juventude para dizerem como vêem os irmãos. E o que disseram foi o seguinte:

- O irmão é homem de oração tão necessária para os nossos dias.
- O irmão é aquele homem que vive o encantamento da sua vocação. (na fala da jovem)
- Os irmãos precisam avançar mais nas águas profundas.
- A Vida Religiosa pode perder a sua meta caso os irmãos insistam no comodismo.
- O irmão é alguém livre, dedicado, não prezo a instituição.
- O irmão é testemunho fraterno, apaixonado por Jesus Cristo, transmite alegria no olhar.
- O irmão é alguém que assume com ternura a missão.
- O irmão é próximo, é acolhedor, é simples, humilde.
- O irmão gasta muita energia para conquistar seu espaço. O desgaste é inútil porque o espaço já é do irmão. A vida religiosa foi criada pelo irmão.
- A identidade do irmão é ser fraterno.
- O irmão precisa caminhar mais. Precisa ser mais presença.
- O irmão precisa ser mais ousado.
- O irmão precisa ter mais visibilidade, precisa escrever mais. Tem que ter uma teologia especifica.
- O irmão precisa mudar nossa teologia. É preciso que os irmãos reescrevam uma nova teologia que os contemple.

Houve ainda dois momentos de reflexão, um com uma iluminação no enfoque cristológico (bíblico – Ir. Afonso Murad, FMS) e o outro com enfoque eclesiológico (Fr. Vanildo Zugno, OFMcap). 

Nas reflexões os assessores nos lembrava que os textos do antigo e novo Testamento falam do irmão. Inclusive Jesus chamava de irmãos os seus seguidores. “Os meus irmãos são os praticantes da palavra de Deus.”
 - “os chefes das nações mandam, tiranizam, exploram, oprimem. Entre vocês não pode ser assim; quem quiser o primeiro seja o servidor de todos.”
- Todos vocês são irmãos.
- Jesus o primeiro entre os irmãos.
- Jesus, nosso irmão, aponta para uma nova pedagogia do Reino.
- Jesus, nosso irmão, convida a seguir um novo caminho.
- Jesus cura as feridas da sociedade, abertas pelo egoísmo.
- Jesus nos ensina a ser irmãos.
- Ser irmão é ser filho no filho de Deus Pai.

Dentro de uma Igreja que assimilou toda a dinâmica do capitalismo onde a pessoa vale pelo tanto que produz, onde há disputa pelo primeiro lugar, onde há ciúme e inveja daqueles que sobressaem; dentro desse modelo de Igreja o irmão nunca será reconhecido e contado. Do inicio da Igreja até hoje, o único a reconhecer os irmãos foi Jesus Cristo. Tanto reconheceu que escolheu conviver numa comunidade de irmãos e quis que no seu grupo, não tivesse mandante e nem mandado, explorador nem explorado. Nessa comunidade quis que todos tivessem os mesmos direitos e os mesmos deveres e que não houvesse maior e nem menor. Ele quis que, na sua comunidade só tivesse lugar para irmãos.

Seminário de religiosos leigos - CLAR

Nós, Irmãos Religiosos, res­pondendo ao chamado da CLAR que, neste ano, cele­bra seu 50 aniversário, reunimo-nos na cidade de Lima (Peru), de 19 a 21 de março de 2009, para partilhar nossas experiências de vida e missão, com o lema: “to­dos vocês são irmãos” (Mt 23,8c), num clima de verdadeira frater­nidade e para aprofundar a te­mática de nossa identidade, es­piritualidade e missão. Estivemos presentes 71 irmãos de 23 Ordens e Congregações leigas e mistas, provenientes de 13 Conferências Nacionais, numa rica diversidade de carismas, culturas, raças, ida­des e línguas. Também estiveram conosco, na qualidade de observadores/as, um irmão clérigo, uma irmã religiosa e uma mãe de família.
Em três dias de intenso e alegre trabalho, com apresentação de experiências, exposições, diá­logos e trabalhos em grupos, animados por ce­lebrações de nossas vidas e da vida e da fé de nossos povos. Deixamo-nos conduzir por Deus-Pai, nos passos do Filho-Jesus, nosso irmão, e na força do Espírito Santo e nos dedicamos a:
a) Ver a realidade onde nós Religiosos leigos estamos, na Vida Religiosa, na Igreja e na sociedade. Fizemos nosso “ver” com a ajuda de experiências significativas e tes­temunhos de vida dos irmãos em seus diferentes campos de missão;
b) Julgar a partir da presença de Jesus - irmão e de uma Igreja-comunidade-de-iguais por Ele iniciada e sempre desejada;
c) Agir, com ternura e vigor, com os olhos bem abertos e os pés bem no chão da nossa realida­de latinoamericana e caribenha ante os desa­fios que nela se apresentam, hoje e no futuro que se vislumbra.

Nos damos conta que na nossa vida de Irmãos não podemos separar estas três dimensões: identidade, espiritualidade e missão. Pelo con­trário, em e a partir de cada uma delas vamos acolhendo e alimentando as outras. Somos Irmãos, e esta identidade é fruto de uma forma de vida confor­me o Espírito que nos envia para a missão. A missão, por sua vez, pela mediação do mesmo Espírito, age sobre nós fortalecendo-nos e sem­pre renovando nossa identidade. Por isso, identidade, espiritualida­de e missão estão indissoluvelmen­te integradas.

Também nos damos conta que:
a)Nossa condição de leigos se forta­lece por nossa pertença ao Povo de Deus, pelo chamado que Ele nos faz para este modo de vida leiga e por nossa própria opção de vida, que nos enche de felicida­de e de orgulho.
b) Nossa identidade se constrói no diálogo com todos os membros do Povo de Deus, com os leigos e leigas, com nossas irmãs religiosas e com os clérigos.
c) A fraternidade é o elemento essencial de nosso ser. Nossa individualidade encontra seu pleno sentido no grupo de pessoas que conformamos e nossa vida é a vida da comunidade.
d) Em nossa rica diversidade de carismas, cul­turas, raças, idades e línguas, é mais o que nos integra que o que nos diferencia; de fato, todos temos em comum o fato de sermos seguidores de Jesus - irmão e viver esta comum fraternida­de no serviço ao Reino de Deus.

Em nossa espiritualidade nos damos conta que:
a) Ela nasce de uma relação pessoal com Deus na qual percebemos o grande dom de sermos amados por Deus-pai e sermos irmãos de Jesus, o Filho de Deus.
b)Tem a Palavra de Deus como centro.
c)Se encarna na realidade de pobreza e exclusão a vi­vendo a compaixão, ternura e misericórdia por todos/as os/as que sofrem.
d) Convoca-nos a viver, juntamente com outros, o dom e a tarefa da fraternidade como espaço de humani­zação e, fazendo-nos homens de Deus, impulsiona-nos à missão de transformar a sociedade com atitudes místico-proféticas.

Em nossa missão de Irmãos queremos:
a) Anunciar a Jesus Cristo e seu Reino desde nosso ser de consagrados, permanecendo pre­sentes junto aos mais pobres e excluídos.
b) Estar atentos e marcar presença nas no­vas fronteiras, periferias e desertos, nas novas realidades sociais marcadas pela vio­lência, pobreza, violação dos direitos hu­manos, falta de educação e saúde, crianças abandonas, mulheres agredidas e violenta­das, com a juventude sem futuro, com os migrantes e a natureza destruída... para promover a dignidade, a justiça e a vida em todas as suas manifestações.
c) Agir em fraternidade, pois é ela quem nos sustenta e envia.
d) Fomentar fraternidade e solidariedade em nossas comunidades eclesiais, sem exclusões, propiciando uma participação ativa de todos/as na construção do Reino.
e) Empenharmo-nos na construção de uma Igreja-comunidade-de-iguais, com relações ho­rizontais de fraternidade e sororidade.

Necessitamos também:
a) Falar com seriedade e profundidade de nossa masculinidade em todas as dimensões que a confi­guram, incluindo a afetividade e a sexualidade.
b) Valorizar as relações de gênero.
c) Discernir sobre o exercício do poder, não ape­nas na sociedade e na Igreja, mas também no interior de nossas próprias Ordens e Congrega­ções, em vistas a transformar o poder-domina­ção em poder-serviço. d) promover a vocação de irmão na Igreja.

Finalmente, sentimo-nos chamados a:
a) Dar continuidade a este Seminário em nossas Conferências Nacionais, sendo propagadores da experiência vivida e da  mensagem.
b) Participar nas atividades das diversas Conferências junto com as Irmãs Religiosas e os Irmãos clérigos.
c) Revisar a formação inicial e permanente de modo a que respondam a nossa identidade, espiritualidade e missão de Irmãos Religiosos.
Solidários com nossos Irmãos Missionários Redentoristas, alguns deles presentes em nosso Seminário, que nestes mesmos dias tiveram dois de seus Irmãos assassinados na Colômbia, e solidários com todos os povos de nossa Pátria Grande, saudamos a todos os irmãos e irmãs que conosco partilham a esperança no Deus da Vida