Nós, Irmãos Religiosos, respondendo ao chamado da CLAR que, neste ano, celebra seu 50 aniversário, reunimo-nos na cidade de Lima (Peru), de 19 a 21 de março de 2009, para partilhar nossas experiências de vida e missão, com o lema: “todos vocês são irmãos” (Mt 23,8c), num clima de verdadeira fraternidade e para aprofundar a temática de nossa identidade, espiritualidade e missão. Estivemos presentes 71 irmãos de 23 Ordens e Congregações leigas e mistas, provenientes de 13 Conferências Nacionais, numa rica diversidade de carismas, culturas, raças, idades e línguas. Também estiveram conosco, na qualidade de observadores/as, um irmão clérigo, uma irmã religiosa e uma mãe de família.
Em três dias de intenso e alegre trabalho, com apresentação de experiências, exposições, diálogos e trabalhos em grupos, animados por celebrações de nossas vidas e da vida e da fé de nossos povos. Deixamo-nos conduzir por Deus-Pai, nos passos do Filho-Jesus, nosso irmão, e na força do Espírito Santo e nos dedicamos a:
a) Ver a realidade onde nós Religiosos leigos estamos, na Vida Religiosa, na Igreja e na sociedade. Fizemos nosso “ver” com a ajuda de experiências significativas e testemunhos de vida dos irmãos em seus diferentes campos de missão;
b) Julgar a partir da presença de Jesus - irmão e de uma Igreja-comunidade-de-iguais por Ele iniciada e sempre desejada;
c) Agir, com ternura e vigor, com os olhos bem abertos e os pés bem no chão da nossa realidade latinoamericana e caribenha ante os desafios que nela se apresentam, hoje e no futuro que se vislumbra.
Nos damos conta que na nossa vida de Irmãos não podemos separar estas três dimensões: identidade, espiritualidade e missão. Pelo contrário, em e a partir de cada uma delas vamos acolhendo e alimentando as outras. Somos Irmãos, e esta identidade é fruto de uma forma de vida conforme o Espírito que nos envia para a missão. A missão, por sua vez, pela mediação do mesmo Espírito, age sobre nós fortalecendo-nos e sempre renovando nossa identidade. Por isso, identidade, espiritualidade e missão estão indissoluvelmente integradas.
Também nos damos conta que:
a)Nossa condição de leigos se fortalece por nossa pertença ao Povo de Deus, pelo chamado que Ele nos faz para este modo de vida leiga e por nossa própria opção de vida, que nos enche de felicidade e de orgulho.
b) Nossa identidade se constrói no diálogo com todos os membros do Povo de Deus, com os leigos e leigas, com nossas irmãs religiosas e com os clérigos.
c) A fraternidade é o elemento essencial de nosso ser. Nossa individualidade encontra seu pleno sentido no grupo de pessoas que conformamos e nossa vida é a vida da comunidade.
d) Em nossa rica diversidade de carismas, culturas, raças, idades e línguas, é mais o que nos integra que o que nos diferencia; de fato, todos temos em comum o fato de sermos seguidores de Jesus - irmão e viver esta comum fraternidade no serviço ao Reino de Deus.
Em nossa espiritualidade nos damos conta que:
a) Ela nasce de uma relação pessoal com Deus na qual percebemos o grande dom de sermos amados por Deus-pai e sermos irmãos de Jesus, o Filho de Deus.
b)Tem a Palavra de Deus como centro.
c)Se encarna na realidade de pobreza e exclusão a vivendo a compaixão, ternura e misericórdia por todos/as os/as que sofrem.
d) Convoca-nos a viver, juntamente com outros, o dom e a tarefa da fraternidade como espaço de humanização e, fazendo-nos homens de Deus, impulsiona-nos à missão de transformar a sociedade com atitudes místico-proféticas.
Em nossa missão de Irmãos queremos:
a) Anunciar a Jesus Cristo e seu Reino desde nosso ser de consagrados, permanecendo presentes junto aos mais pobres e excluídos.
b) Estar atentos e marcar presença nas novas fronteiras, periferias e desertos, nas novas realidades sociais marcadas pela violência, pobreza, violação dos direitos humanos, falta de educação e saúde, crianças abandonas, mulheres agredidas e violentadas, com a juventude sem futuro, com os migrantes e a natureza destruída... para promover a dignidade, a justiça e a vida em todas as suas manifestações.
c) Agir em fraternidade, pois é ela quem nos sustenta e envia.
d) Fomentar fraternidade e solidariedade em nossas comunidades eclesiais, sem exclusões, propiciando uma participação ativa de todos/as na construção do Reino.
e) Empenharmo-nos na construção de uma Igreja-comunidade-de-iguais, com relações horizontais de fraternidade e sororidade.
Necessitamos também:
a) Falar com seriedade e profundidade de nossa masculinidade em todas as dimensões que a configuram, incluindo a afetividade e a sexualidade.
b) Valorizar as relações de gênero.
c) Discernir sobre o exercício do poder, não apenas na sociedade e na Igreja, mas também no interior de nossas próprias Ordens e Congregações, em vistas a transformar o poder-dominação em poder-serviço. d) promover a vocação de irmão na Igreja.
Finalmente, sentimo-nos chamados a:
a) Dar continuidade a este Seminário em nossas Conferências Nacionais, sendo propagadores da experiência vivida e da mensagem.
b) Participar nas atividades das diversas Conferências junto com as Irmãs Religiosas e os Irmãos clérigos.
c) Revisar a formação inicial e permanente de modo a que respondam a nossa identidade, espiritualidade e missão de Irmãos Religiosos.
Solidários com nossos Irmãos Missionários Redentoristas, alguns deles presentes em nosso Seminário, que nestes mesmos dias tiveram dois de seus Irmãos assassinados na Colômbia, e solidários com todos os povos de nossa Pátria Grande, saudamos a todos os irmãos e irmãs que conosco partilham a esperança no Deus da Vida
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